quinta-feira, 22 de março de 2018

MERCADO SE AJUSTA À SINAL DE NOVO CORTE DA SELIC ENQUANTO STF JULGA RECURSO DE LULA

Os mercados se ajustam nesta manhã à sinalização explícita do Copom de que deve fazer nova redução nos juros na reunião de maio, ao mesmo tempo em que aguardam o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do habeas corpus que definirá o futuro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme amplamente esperado, a Selic foi reduzida ontem em 0,25 ponto porcentual, para 6,50% ao ano, nível mais baixo da série histórica, mas o comunicado do BC surpreendeu ao dizer que, para o encontro de maio, "o Comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional". Na curva a termo, em que a precificação de queda da Selic no próximo encontro era apenas residual, haverá hoje migração em massa de apostas em ao menos mais uma redução de 0,25 ponto, o que colocaria a taxa em 6,25%. Em consequência, nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), a expectativa é de recuo expressivo dos vencimentos de curto prazo. Dada a assertividade da mensagem do BC, alguns profissionais enxergam até a possibilidade de o Copom ir além, com mais dois cortes, levando a taxa básica de juros a 6% ao ano. Essa perspectiva vai agradar os investidores na Bolsa, que deve começar o pregão já recuperando o patamar dos 85 mil pontos. Feitos os ajustes ao Copom, no início da tarde as atenções voltam-se ao Supremo. A análise pelo plenário da Corte definirá se Lula será ou não preso nos próximos dias, após condenação na segunda instância da Justiça Federal a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. O cenário não é tão favorável ao ex-presidente. Há cinco ministros defendendo o entendimento de que condenados em segunda instância podem ser presos sem aguardar demais recursos: Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin. Por outro lado, são contra a prisão em segunda instância Celso de Mello, Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. O desempate deve ficar à cargo da ministra Rosa Weber, que tem rejeitado praticamente todos os habeas corpus em situação semelhante à do petista. No exterior, o clima é pesado à espera de desdobramentos da crescente disputa comercial entre Washington e Pequim. O presidente Donald Trump deve anunciar no início da tarde novas medidas comerciais contra a China, incluindo tarifas que podem afetar pelo menos US$ 30 bilhões em bens do gigante asiático. Mais cedo, o Ministério de Comércio da China se posicionou garantindo que tomará as medidas necessárias para defender seus interesses. No âmbito da política monetária global, hoje o Banco Central da Inglaterra (BoE) se reúne e nesta madrugada o Banco do Povo da China elevou suas taxas de juros, na esteira do Fed ontem, que aumentou os Fed Funds mas sinalizou que prevê apenas mais dois aumentos de juros em 2018.

Habeas corpus de Lula e decisão do BC inglês no radar - A agenda desta quinta-feira tem como destaque a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgará habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (14h00). O Tesouro faz leilão de LTN e NTN-F (11h00). No exterior, o Banco da Inglaterra (BoE) anunciará sua decisão de política monetária e a ata da reunião (9h00). Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump anunciará novas medidas comerciais contra a China (13h30). Também no país serão conhecidos os pedidos de auxílio desemprego da semana passada (9h30); o Índice dos gerentes de compras (PMI) composto preliminar (10h45); o Índice de indicadores antecedentes do Conference Board (11h00).

Câmara aprova urgência para projeto que acaba com desoneração da folha - Após dias de impasse nas negociações, o plenário da Câmara aprovou na noite de ontem o requerimento de urgência para apreciação do projeto que acaba com a desoneração da folha de pagamento. Ainda não há perspectiva de votação do mérito da matéria, tampouco acordo em torno de um texto final. O requerimento foi aprovado por 342 a 46 contra. Só o PSDB chegou a orientar voto contra o requerimento sob a alegação de que não havia texto final do projeto, mas depois liberou a bancada. Nos bastidores, o partido discute a inclusão de outros setores na manutenção da desoneração.

Governo terá de fazer novo bloqueio de despesas do Orçamento - Apesar da forte melhora da arrecadação de tributos, a equipe econômica vai anunciar hoje um bloqueio entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões das despesas do Orçamento, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast. Até à noite de ontem, os técnicos trabalhavam com um valor de R$ 2,6 bilhões de bloqueio adicional. O novo contingenciamento representa uma mudança de planos do governo que contava em fazer uma primeira liberação de gastos em março para os ministérios e, dessa forma, atender um volume maior de emendas parlamentares.

EXTERIOR NA DEFENSIVA

Bolsas da Europa e futuros de NY no vermelho - Os futuros de Nova York e as bolsas europeias registram perdas nesta manhã, após dados fracos na Europa, antes da decisão de política monetária do BC inglês, e um dia depois de o Federal Reserve sinalizar mais duas altas de juros este ano e mais duas em 2019. Às 7h24, o euro subia a US$ 1,2324, de US$ 1,2343 no fim da tarde de ontem. A Bolsa de Londres perdia 0,50%, a de Paris recuava 0,94% e a de Frankfurt perdia 0,91%. Em NY, o Dow Jones futuro recuava 0,61%, o S&P500 futuro caía 0,62% e o Nasdaq futuro cedia 1,00%.

Apostas de alta de juros pelo Fed em junho e setembro aumentam - A aposta de que os juros nos Estados Unidos vão subir em junho e em setembro se elevaram nesta quarta-feira, após o Federal Reserve ter alterado as taxas para a faixa entre 1,50% e 1,75%, segundo ferramenta do CME Group. Com base nos futuros dos Fed funds, a aposta de elevação de juros para a faixa entre 1,75% e 2,00% em junho passou de 75,5% antes da decisão do Fomc para 77,5% no final da tarde em Nova York. Em setembro, o intervalo de 2,00% a 2,25% concentrava 48,8% das apostas, de 48,0% no começo da tarde. Já para dezembro, a aposta de elevação para a faixa de 2,25% a 2,50% saiu de 29,6% para 28,0%.

Libra atinge máxima em 7 semanas após dado de varejo - A libra esterlina atingiu máxima em sete semanas em relação ao dólar, na esteira de dados melhores do que o esperado do varejo do Reino Unido, cujas vendas subiram 0,8% na comparação mensal de fevereiro, ante projeção de analistas de +0,4%. O Banco da Inglaterra (BoE) anuncia decisão de política monetária nesta manhã e a expectativa é que mantenha seu juro básico em 0,5%. Às 7h24, a libra avançava levemente a US$ 1,4141, de US$ 1,4137 no fim da tarde de ontem, depois de chegar a ser negociada a US$ 1,4181 logo após o indicador.

Sentimento das empresas da Alemanha cai com ameaça de protecionismo - O índice de sentimento das empresas da Alemanha caiu de 115,4 em fevereiro para 114,7 em março, segundo pesquisa divulgada hoje pelo instituto alemão Ifo. O resultado veio um pouco abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda do indicador a 114,8. "A ameaça de protecionismo está prejudicando o humor", comentou o presidente do Ifo, Clemens Fuest, numa referência a recentes medidas comerciais tomadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, incluindo tarifas a importações de aço e alumínio.

Vendas no varejo do Reino Unido sobem mais que o previsto - As vendas no varejo do Reino Unido subiram 0,8% em fevereiro ante janeiro, segundo dados publicados hoje pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). O resultado do mês passado ficou bem acima da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam avanço de 0,4%.

PMI composto da zona do euro cai ao menor nível em 14 meses - O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que mede a atividade nos setores industrial e de serviços, caiu de 57,1 em fevereiro para 55,3 em março, atingindo o menor nível em 14 meses, segundo dados preliminares publicados hoje pela IHS Markit. Analistas consultados pela Dow Jones Newswires previam queda bem mais suave do indicador, a 56,7. Apesar da queda, a leitura acima da marca de 50,0 indica que a atividade econômica do bloco continuou se expandindo neste mês, ainda que em ritmo mais contido.

PMI composto da Alemanha cai ao menor nível em 8 meses - O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da Alemanha, que mede a atividade nos setores industrial e de serviços, caiu de 57,6 em fevereiro para 55,4 em março, atingindo o menor nível em oito meses, segundo dados preliminares divulgados hoje pela IHS Markit. Apesar da queda, a leitura acima da marca de 50,0 indica que a atividade econômica alemã continuou se expandindo neste mês, ainda que em ritmo mais comedido.

Bolsas da Ásia fecham sem direção única após Fed - As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quinta-feira, após a decisão de política monetária do Federal Reserve e à espera de novos desdobramentos da crescente disputa comercial entre Washington e Pequim. Em Tóquio, o índice Nikkei voltou de um feriado nacional no Japão com alta de 0,99%. Já o sul-coreano Kospi subiu 0,44% hoje em Seul. Na China continental e em Hong Kong, por outro lado, os mercados caíram depois que as autoridades monetárias locais elevaram juros na esteira da decisão do Fed. Principal índice acionário chinês, o Xangai Composto teve baixa de 0,53%. Na Oceania, o S&P/ASX 200 caiu 0,22% em Sydney. Às 7h23,o dólar subia a 105,66 ienes, de 105,99 ienes no fim da tarde de ontem.

Após fortes ganhos recentes, petróleo opera em leve baixa - Os contratos futuros de petróleo operam em leve baixa nesta manhã, depois de acumularem robustos ganhos nas últimas sessões em meio a tensões no Oriente Médio e após pesquisas do Departamento de Energia (DoE) norte-americano e do American Petroleum Institute (API) mostrarem queda nos estoques dos EUA na semana passada. Às 7h23, o barril do Brent para maio caía 1,04% na ICE, a US$ 68,75, na mínima, enquanto o do WTI para o mesmo mês recuava 0,99% na Nymex, a US$ 68,78.

PBoC eleva de 2,50% para 2,55% ao ano juros interbancários de referência de 7 dias - O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) elevou os juros de curto prazo do sistema interbancário em 0,05 ponto porcentual. A taxa de recompra reversa de sete dias passou de 2,50% para 2,55%. O movimento do PBoC vem na esteira da decisão de política monetária do Federal Reserve, que elevou a taxa de juros em 0,25 ponto porcentual na tarde de ontem para a faixa entre 1,50% e 1,75%.

PMI Industrial do Japão cai mais que o esperado - O índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial do Japão caiu para 53,2 em março, de 54,1 em fevereiro, de acordo com dados preliminares da Nikkei e IHS Markit. Segundo Joe Hayes, economista da Markit, a leitura sinalizou uma melhora mais fraca das condições de negócios no setor industrial, como um todo. Mas taxas de crescimento de produção, novas encomendas e emprego desaceleraram.

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