quarta-feira, 14 de março de 2018

MERCADO GLOBAL 3: DADOS FORTES DA CHINA EMBALAM MERCADOS, MAS INCERTEZAS NA CASA BRANCA SEGUEM NO RADAR

Os mercados globais repercutem nesta manhã dados robustos da economia da China no primeiro bimestre e as bolsas da Europa e futuros em Wall Street avançam, mas o entusiasmo é limitado pelas incertezas políticas nos Estados Unidos. A produção industrial da segunda maior economia do mundo cresceu 7,2% nos primeiros dois meses de 2018, superando de longe a projeção de avanço de 6,1%. As vendas no varejo e os investimentos em ativos fixos também surpreenderam positivamente e geram especulação de que o banco central do chinês terá de voltar a elevar juros. Mas ainda paira nos negócios a cautela renovada ontem com demissão do secretário de Estado, Rex Tillerson, visto como uma figura moderada em uma Casa Branca, que parece se inclinar cada vez mais ao protecionismo. Ontem o governo americano apresentou cinco exigências aos países que querem ser isentos da taxa para as exportações de aço e alumínio, mas os critérios são mais políticos do que comerciais. A mais polêmica estabelece que os governos que querem evitar a taxação do aço precisam apoiar as disputas lideradas pelos EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC). O sinal positivo das bolsas internacionais deve ajudar a Bovespa a recuperar as perdas da véspera, apoiada ainda pela valorização dos preços do minério de ferro no mercado chinês. Na agenda local o foco estará no Fórum Econômico Mundial da América Latina, em São Paulo, que reunirá potenciais presidenciáveis, entre eles o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB). Enquanto a estratégia do governo de dar prioridade a temas com mais apelo popular, como a segurança pública, trava a agenda econômica, o mercado acompanha o trâmite da privatização da Eletrobras, que ainda enfrenta resistência na Câmara e depende de um ato burocrático do próprio governo. Até hoje, o presidente Michel Temer não editou decreto com inclusão da estatal de energia no Plano Nacional de Desestatização (PND). Ontem, no início da noite, o governo conseguiu instalar a comissão especial que vai analisar o projeto, que deve ser votado no começo de abril. Os investidores repercutem ainda a informação de que auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) farão uma varredura em documentos da Caixa, Banco do Brasil, BNDES, Banco Central e Tesouro Nacional para analisar o histórico de empréstimos concedidos a Estados e municípios sem a garantia da União. Essas transações são alvo de auditoria da Corte de contas após o Estado revelar que a Caixa estava aceitando garantias ilegais nessas operações.

"Mini Davos" no foco local - A agenda nacional desta quarta-feira tem como destaque o início do 13º Fórum Econômico Mundial da América Latina, em São Paulo, também chamada de "mini Davos", com a presença de diversas autoridades, entre elas, o presidente Michel Temer, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria (11h00); ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (15h30); e o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro (15h30); e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn (20h00). O BC faz leilão de até 14 mil contratos de swap cambial (até US$ 700 milhões) para rolagem de vencimentos de abril (11h30).

PPI e varejo dos EUA no radar - Nos Estados Unidos, estão previstos os dados do índice de preços ao produtor (PPI) de fevereiro e de vendas no varejo de fevereiro, ambos às 9h30. A Opep divulga relatório mensal sobre petróleo (9h50) e o Departamento de Energia dos EUA (DOE) revela os estoques de petróleo bruto (11h30).

"Estou pronto para ser preso", diz Lula - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que está pronto para ser preso. Ele lança na sexta-feira o livro "A Verdade Vencerá - o povo sabe por que me condenam", assinado pelo próprio, no qual se defende das acusações da Operação Lava Jato e faz um balanço a atual conjuntura política. Lula nega a intenção de se exilar para fugir da condenação de 12 anos e um mês de prisão, imposta pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, e faz críticas à presidente cassada Dilma Rousseff, admite que o presidente Michel Temer, chamado de "traidor", soube resistir melhor do que a petista.

Bolsonaro quer campo de refugiados em Roraima - Depois de adotar um discurso mais atraente ao mercado, com propostas de cunho liberal, o pré-candidato do PSL à Presidência, deputado federal Jair Bolsonaro, retomou temas polêmicos. Em entrevista ao Estado, ele defendeu o fuzilamento de brasileiros presos no exterior por tráfico de drogas e a construção de campos de refugiados para venezuelanos que chegam ao Brasil. "Já temos problemas demais aqui."

Empregados dos Correios encerram greve -Trabalhadores dos Correios decidiram pelo fim da greve no início da noite de ontem, após decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinar que os funcionários terão de pagar parte do plano de saúde e exigir a volta ao trabalho de 80% dos carteiros. O principal motivo da paralisação, iniciada na segunda-feira, era evitar mudanças no plano de saúde, que envolviam a cobrança de mensalidades do titular e de dependentes.

Câmara aprova flexibilização do horário do programa "A Voz do Brasil" - O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite de ontem um projeto que flexibiliza o horário de transmissão do programa diário "A Voz do Brasil", que divulga no rádio a ação dos três Poderes. O projeto seguirá para sanção presidencial. Hoje, as emissoras de rádio não podem escolher quando vão transmitir o programa e são obrigadas a colocá-lo no ar das 19 horas às 20 horas. Com a proposta aprovada, as rádios poderão veicular o programa no intervalo entre 19 horas e 22 horas.

EXTERIOR POSITIVO

Bolsas da Europa e futuros de NY em alta - Os futuros de Nova York e bolsas europeias operam em leve alta nesta manhã, refletindo os bons números de dados chineses e o discurso do presidente do BC Europeu, Mario Draghi, que se disse confiante sobre atingir a meta inflacionária. Às 7h25, a Bolsa de Londres subia 0,23%, Paris +0,30%; Frankfurt 0,26%. O euro caía a US$ 1,2364, de US$ 1,2390 no fim da tarde de ontem. Em NY, o Dow Jones futuro tinha alta de 0,39% e o S&P500 futuro recuava 0,28%.

Draghi: BCE está mais confiante sobre atingir meta de inflação - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse nesta quarta-feira que a inflação da zona do euro se encaminha em direção à meta oficial da instituição e que o BCE está "mais confiante" que no passado que seu objetivo será atingido no médio prazo. A meta de inflação do BCE é de uma taxa ligeiramente inferior a 2%. Em fevereiro, os preços ao consumidor da zona do euro subiram 1,2% na comparação anual.

Produção industrial da zona do euro cai mais que o previsto - A produção industrial da zona do euro diminuiu 1% em janeiro ante dezembro, segundo dados publicados hoje pela agência oficial de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. O resultado frustrou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda menor, de 0,3%. Na comparação anual, a indústria do bloco produziu 2,7% mais em janeiro, resultado que também ficou bem aquém da projeção do mercado, de acréscimo de 5%. A Eurostat revisou ligeiramente para cima o avanço anual da produção industrial de dezembro, de 5,2% para 5,3%.

CPI da Alemanha sobe 0,5% em fevereiro - O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Alemanha subiu 0,5% em fevereiro ante janeiro e registrou alta de 1,4% na comparação anual, segundo dados finais publicados hoje pela agência de estatísticas do país, a Destatis.

Produção industrial da China supera expectativa - A produção industrial da China avançou 7,2% no primeiro bimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas do país. A leitura veio acima da expectativa de economistas, de alta de 6,1%. Na comparação mensal de fevereiro, a produção industrial subiu 0,57% ante janeiro. O governo também divulgou os investimentos em ativos fixos no país, que subiram 7,9% no primeiro bimestre ante o mesmo período do ano passado. A leitura também superou as expectativas do mercado, de alta de 7,0%. Os dados sugerem que a economia chinesa se expandiu num ritmo muito mais acelerado que o esperado no começo do ano.

Vendas no varejo chinês sobem 9,7% - As vendas no varejo da China subiram 9,7% na comparação anual do primeiro bimestre, de acordo com dados divulgados hoje pelo Escritório Nacional de Estatísticas do país. Na comparação mensal, as vendas no varejo chinês subiram 0,76%. O governo divulga os dados de janeiro e fevereiro em conjunto, para evitar distorções em razão do feriado do Ano Novo Chinês, que dura uma semana.

Vendas de moradias na China crescem - As vendas de moradias na China em valor avançaram 15,7% no primeiro bimestre de 2018 ante igual período do ano passado, segundo cálculos do The Wall Street Journal baseados em dados do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês). O resultado mostra que as vendas desaceleraram em relação a dezembro, quando o aumento anual foi de 21,2%.

Bolsas da Ásia têm queda generalizada - As bolsas asiáticas fecharam em baixa generalizada nesta quarta-feira, em meio a preocupações geradas pela demissão ontem do secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson. Em Tóquio, o Nikkei caiu 0,87%. Pesou também o ressurgimento de um escândalo ligado à esposa do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, suspeita de envolvimento na venda irregular de um terreno público. Na China, o Xangai Composto recuou 0,57% e o Shenzhen Composto teve queda de 0,89%. O Hang Seng caiu 0,53% em Hong Kong, enquanto o sul-coreano Kospi cedeu 0,34% em Seul. Na Oceania, o S&P/ASX 200 da bolsa australiana caiu 0,66% em Sydney. Às 7h24, o dólar subia a 106,52 ienes, de 106,48 ienes no fim da tarde de ontem.

Petróleo ensaia recuperação - Os contratos futuros de petróleo operam em alta moderada nesta manhã, recuperando parte das perdas recentes na esteira de dados mistos da última pesquisa do American Petroleum Institute (API) sobre estoques dos EUA. No fim da tarde de ontem, o API estimou que o volume de petróleo bruto estocado nos EUA cresceu 1,2 milhão de barris na última semana, mas também apontou reduções nos estoques de gasolina (-1,3 milhão) e de destilados (-4,3 milhões). Às 7h23, o barril do Brent para maio tinha subia 0,48% na ICE, a US$ 64,95, enquanto o do WTI para abril avançava 0,51% na Nymex, a US$ 61,02.

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