segunda-feira, 26 de março de 2018

Benfica: o melhor 11 do século da história

O Benfica convidou, esta quinta-feira, os seus adeptos (e não só) a escolherem a melhor equipa do século XX do clube.

Na página do facebook do emblema da Luz, os seguidores são convidados a escolher o melhor jogador para cada posição.

Na baliza surgem glórias do passado, como Costa Pereira ou Manuel Bento, mas também são opções Michel Preud'homme e o falecido Enke, nomes bem mais recentes.

Artur Correia e Veloso, do lado direito, Humberto Coelho, Germano e Mozer como centrais, Cruz e Dimas no corredor esquerdo, são algumas das muitas alternativas para o sector defensivo.

No meio campo aparecem nomes como Mário Coluna, José Augusto, Simões, Chalana, Futre, Paulo Sousa ou Paulo Bento.

O ataque é o sector que apresenta mais opções: Eusébio, José Águas, José Torres, Artur Jorge, Vata, Jordão, Néné, João Pinto e Nuno Gomes figuram na lista, entre outros.

Simões, Toni e Veloso, três históricos do Benfica, aceitaram a "difícil" e "quase impossível" missão de escolher os melhores de sempre do clube

Para início de conversa, um ponto de honra à mesa de três, já para não permitir empates. Convidados pelo DN a escolherem o melhor onze da história do Benfica (os eleitos serão reproduzidos em ilustrações feitas por André Carrilho num poster que será oferecido na edição do DN de dia 28), António Simões (73 anos), Toni (70) e Veloso (60) decidem não se autonomear. Não por falsa modéstia ou humildade, só porque "não faz sentido ser juiz em causa própria"! Mas não é fácil excluir o nome de tamanhas referências benfiquistas e Simões e Veloso acabam mesmo eleitos, relegando Chalana e Artur Correia para o banco de suplentes do Glorioso, como tratam o clube da Luz.

"Para mim o Chalana é o segundo melhor jogador de sempre do Benfica, só atrás de Eusébio, por isso faça o favor de por aí o Chalana", atira Simões, bicampeão europeu, provocando o aceno positivo de Toni e Veloso. Aliás, para o médio da equipa da década de 1970, que viria mais tarde a dar dois títulos ao clube (89/90 e 93/94)como treinador, "não se pode separar o sexteto que foi bicampeão europeu ( (1961 e 1962)". Veloso corrobora ambas as opiniões e aborda a injustiça da missão: "O mais justo seria um onze de cada década."

Conclusão: ao fim de 43 minutos a esgrimirem argumentos no café O Terceiro Anel, com vista para o Estádio da Luz, Chalana, para Simões o 2.º melhor da história do Benfica não tem lugar no melhor onze de sempre do clube, que fica assim constituído: Bento; Veloso, Humberto Coelho, Germano e Ângelo; Jaime Graça e Coluna; José Augusto, Eusébio, Águas e Simões.

Depois de uma lição sobre as diferenças entre tática e dinâmica de jogo, o trio lança-se à missão e escolhem jogar em 4x4x2, com Manuel Bento, o homem de borracha na baliza. Mas não é fácil esquecer outras opções entre mais de cem anos de história e o cérebro dos três fervilha de recordações e opções, "afinal de contas, no futebol há sempre suplentes". E se Simões colocaria Ederson sem problemas, Toni "tinha" de escolher Preud"homme. Já Veloso preferiu Costa Pereira...



Com um dos melhores defesas presente podia parecer fácil escolher o melhor, mas não. A escolha do melhor lateral direito acabou por ser a primeira grande encruzilhada. Simões, não fosse ele antigo extremo habituado a ir para cima do defesa, lança o nome de Veloso para a mesa: "Se dúvidas há, este gajo tem uns 20 bons anos de Benfica e ainda é um exemplo do amor à camisola." "E o russo?", questiona Toni, aludindo a Artur Correia. Veloso ouve e lembra que era fã de Artur: "Quando estávamos juntos havia sempre uma troca de elogios, ele dizia que eu era o melhor e eu respondia que ele é que tinha sido o mestre. Eu era um jogador à imagem dele, determinado."

Sem consenso, a votação para o lado direito fica em suspenso até ao fim (e Veloso, hoje fã de Nélson Semedo, ganha). Mais fácil foi o centro da defesa. O Benfica teve "uma dupla do caraças", formada por Mozer e Ricardo Gomes, campeã em 1988/89, com apenas 15 golos sofridos, mas ninguém foi melhor na arte de travar os adversários do que Humberto Coelho (campeão, com 12 golos sofridos em 1974/75) e Germano. Nem Luisão, o atual capitão das águias.

E do lado esquerdo quase sem discussão aparece Ângelo. Apesar da falta de opções válidas para o lado esquerdo nos últimos anos, Grimaldo enche as medidas aos três. "Hoje os jogadores jogam dois ou três anos e vão-se embora, não dá para sentir o clube e fazer a diferença", defende Veloso.

Passando a bola para o meio-campo, "nem há dúvidas" quanto a Jaime Graça e Coluna. E o treinador campeão em 1993/94 chuta ainda mais para a frente, para José Augusto e Nené. "Têm de ser os dois", diz Simões, esquecendo que jogavam na mesma posição. Tem de ser Veloso a desempatar e o homem que nunca sujava os calções e que ainda é o jogador que mais vezes vestiu a camisola do Benfica (803) vai para o banco, em detrimento do "Zé da Europa", o bicampeão europeu que fazia da finta arte ao serviço dos avançados. Mas no meio-campo também "cabiam" Valdo ou João Aves, Rui Costa ou Pablo Aimar. Ou o Cavém "o jogador mais polivalente que existiu".

Até agora a década de 1960 domina as operações. "Isto pode traduzir aqui algum saudosismo ou nostalgia, mas não tem nada a ver com isso. Estes jogadores transportados para a época, com a evolução dos treinos, as mais-valias de apoio ao treino como a nutrição e logística, as chuteiras... se eles foram enormes, imagine o que teriam sido", questiona Toni, antes de mais uns minutos de afável discussão para encontrar o melhor parceiro para Eusébio no ataque. José Águas, Torres, Rogério Pipi, Jonas? Sim, o atual avançado "cabe" nesse lote, mas, tal como os outros, perde para "um goleador fabuloso, que ainda por cima era bonito como o raio".

Nesta altura, Simões para e interpela um grupo que os olha de lado, com vergonha de os "incomodar". São portugueses de Santarém emigrados na Suíça e nem querem acreditar na "sorte", pois, além de os ver, cruzaram-se com Chalana junto à estátua de Eusébio. Uma informação que faz as antigas glórias sorrir, afinal ainda é preciso decidir: Simões ou Chalana?

"Bom, um sexteto como este - Jaime Graça, Coluna, José Augusto, Eusébio, Águas e Simões - jamais irá existir no futebol português e por isso merecem toda a distinção e homenagem possível", defende Toni, interrompido de imediato pelo antigo extremo: "Seja a equipa do século, do milénio... estes seis entrariam sempre, o único que veio atrapalhar foi o Chalana, temos de arranjar maneira de o pôr no onze, agora onde?" Uma pergunta retórica, que faz Veloso recordar a intemporalidade das antigas glórias, porque "campeões há muitos, bicampeões europeus muito poucos!" E assim Simões bate Chalana.

E o Eusébio? Não falaram dele... (risos)"Esse estava logo no onze, sem eleição! O melhor. Dentro das quatro linhas dava tudo a defender a camisola do Benfica", defende Simões, um dos "Magriços" que jogou com ele no Benfica e na seleção e nunca viu "ninguém igual ou parecido até hoje".


A melhor equipa de sempre, para Simões, Toni e Veloso:

Manuel Bento; António Veloso, Humberto Coelho, Germano e Ângelo; José Augusto, Jaime Graça, Coluna e Simões; Eusébio e José Aguas.

Suplentes: Costa Pereira, Artur, Cavém, Nené e Chalana


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