Aplicativos de namoros chegaram para mudar por completo como os casais se encontram.Pesquisas já demonstraram que 70% dos casais serão assim formados nos próximos 20 anos. Mas, se depender de uma startup da cidade de Houston, no Texas (EUA), essa proporção pode ser ainda maior, graças a um aplicativo chamado Pheramor, que promete trazer o “aspecto mais humano” dos relacionamentos para a palma da mão.
Esqueça aquela história de ficar deslizando o dedo para um lado e outro, em uma eterna seleção por possíveis futuros pretendentes. Com o Pheramor, dedo e tela são substituídos por um cotonete e a parte interna de sua bochecha. O objetivo é um só: coletar as suas informações genéticas para te ajudar a escolher o parceiro ideal.
O solteiro que sonha com o novo amor paga uma taxa de US$ 19,99 para se cadastrar no aplicativo. Em seguida, libera o acesso às informações das redes sociais. Logo, o sistema de inteligência artificial começa a analisar seus gostos e traços de personalidade em busca de outro solteiro em busca do amor.
Mas esse é só um começo. Logo o usuário recebe o kit para coletar o material genético. Na sede da empresa, os pesquisadores então fazem um sequenciamento dos genes. Segundo a empresa, eles ignoram os que são relacionados a doenças, raça ou altura, por exemplo.
Buscam por 11 genes que, segundo eles, são relacionados à atração.
A seção que explica a ciência por trás do aplicativo diz que “quanto maior a diferença entre o DNA entre dois indivíduos, mais provável de se sentirem mutuamente atraídos. A forma como as espécies “sentem” quão diferente é o DNA em um parceiro em potencial é cheirando seus feromônios”, explica o site. “Se os feromônios coçarem seu cérebro da forma certa, nós chamamos isso de amor à primeira vista”, conclui.
Identificando os 11 genes, eles conseguem reconhecer os donos de feromônios mais compatíveis. Assim, sabem os casais em que a química poderiam acontecer, mesmo antes dos dois se verem. Depois combinam as informações com os dados recolhidos nas redes sociais, para ver se existe alguma disparidade e, pronto. Seu par ideal está na palma da sua mão.
Isso é muito black mirror
Para desencorajar “matchs” baseados somente na aparência, as fotos dos pretendentes são apresentadas com a imagem mais ou menos embaçada de acordo com a compatibilidade, com nota entre 0 e 100.
Parece perfeito né. Feromônio, química, genes. É a ciência em alta potência em prol do amor. Certo? Não é bem assim. Uma revisão de estudos feita pelo zoólogo da Universidade de Oxford, Tistram Wyatt, demonstrou que existem vários tipos de feromônio, mas nenhum jamais foi encontrado em um ser humano.
“Feromônios pegaram a imaginação do público, particularmente em associação com sexo ou desejo”, contou em entrevista à revista americana Wired. “Mas até o presente ainda é verdade dizer que nenhum feromônio humano foi robustamente demonstrado, e certamente nunca quimicamente identificado.”
Esse papo todo de química do amor até tem alguma fundamentação científica. Ainda na década de 90, um experimento famoso (e um pouco desagradável) chamado “experimento da camiseta querida” colocou diversos estudantes universitários para usarem a mesma camiseta de algodão por alguns dias seguidos, e depois deu para outros estudantes cheirarem ela e graduar de acordo com a intensidade e prazer que sente.
O resultado mostrou que mulheres que não estavam tomando pílula preferiam as camisetas de homens com a maior diferenciação genética em certa área do cromossomo seis - que codifica o complexo principal de histocompatibilidade (MHC na sigla em inglês). Essas proteínas são responsáveis por ajudar o sistema imunológico a reconhecer invasores.
No entanto, um outro estudo, de 1976, observou que ratos fêmeas escolhem seus parceiros com os genes MHC mais diferentes, que os pesquisadores presumiram serem detectados pelo olfato. Juntando as duas pesquisas, concluíram que humanos funcionavam como os ratos. Pelo cheiro, selecionavam os parceiros com o MHC mas diferente. Vem daí a máxima de que os opostos se atraem.
Segundo Wyatt, da Universidade de Oxford, essa ligação entre a atração entre pessoas com diferentes sistemas imunológicos ainda é teórica. O cheiro de nosso corpo tem mais a ver com as bactérias que convivem com a gente que qualquer outra coisa, e a percepção sobre tem mais a ver com a cultura do indivíduo.
Dois grupos de pesquisa já utilizaram as informações coletadas pelo projeto HapMap, que mapeia as variações genéticas de milhares de pessoas ao redor do globo, incluindo maridos e mulheres, em busca de diferenciações do MHC entre casais diferentes. Enquanto um encontrou a relação, o outro não. “Era de se esperar que as coisas claras se isso realmente fosse o jeito dominante que as pessoas escolhem os parceiros”, disse Wyatt.
É provável que o mecanismo que conecta um casal seja muito mais complexo, envolvendo muito mais que uma simples combinação genética. Nada, porém, garante que ele não tenha papel nenhum. “Eu sou química e eu posso dizer que os feromônios são uma grande caixa preta”, afirmou Asma Mirza, CEO e cofundadora do Pheramor, à Wired. “Nós sabemos que ele existe e que, de alguma forma, esses onze genes são ligados a eles, mas nós não sabemos como. Por isso estamos raspando bochechas e não sovacos.”
Por enquanto o aplicativo está disponível somente em Houston, capital do estado norte-americano do Texas, onde já reúne três mil usuários, que tem que contribuir com mais US$ 10 por ano para continuar em busca do par quimicamente perfeito. Pelo menos teoricamente.
Esqueça aquela história de ficar deslizando o dedo para um lado e outro, em uma eterna seleção por possíveis futuros pretendentes. Com o Pheramor, dedo e tela são substituídos por um cotonete e a parte interna de sua bochecha. O objetivo é um só: coletar as suas informações genéticas para te ajudar a escolher o parceiro ideal.
O solteiro que sonha com o novo amor paga uma taxa de US$ 19,99 para se cadastrar no aplicativo. Em seguida, libera o acesso às informações das redes sociais. Logo, o sistema de inteligência artificial começa a analisar seus gostos e traços de personalidade em busca de outro solteiro em busca do amor.
Mas esse é só um começo. Logo o usuário recebe o kit para coletar o material genético. Na sede da empresa, os pesquisadores então fazem um sequenciamento dos genes. Segundo a empresa, eles ignoram os que são relacionados a doenças, raça ou altura, por exemplo.
Buscam por 11 genes que, segundo eles, são relacionados à atração.
A seção que explica a ciência por trás do aplicativo diz que “quanto maior a diferença entre o DNA entre dois indivíduos, mais provável de se sentirem mutuamente atraídos. A forma como as espécies “sentem” quão diferente é o DNA em um parceiro em potencial é cheirando seus feromônios”, explica o site. “Se os feromônios coçarem seu cérebro da forma certa, nós chamamos isso de amor à primeira vista”, conclui.
Identificando os 11 genes, eles conseguem reconhecer os donos de feromônios mais compatíveis. Assim, sabem os casais em que a química poderiam acontecer, mesmo antes dos dois se verem. Depois combinam as informações com os dados recolhidos nas redes sociais, para ver se existe alguma disparidade e, pronto. Seu par ideal está na palma da sua mão.
Isso é muito black mirror
Para desencorajar “matchs” baseados somente na aparência, as fotos dos pretendentes são apresentadas com a imagem mais ou menos embaçada de acordo com a compatibilidade, com nota entre 0 e 100.
Parece perfeito né. Feromônio, química, genes. É a ciência em alta potência em prol do amor. Certo? Não é bem assim. Uma revisão de estudos feita pelo zoólogo da Universidade de Oxford, Tistram Wyatt, demonstrou que existem vários tipos de feromônio, mas nenhum jamais foi encontrado em um ser humano.
“Feromônios pegaram a imaginação do público, particularmente em associação com sexo ou desejo”, contou em entrevista à revista americana Wired. “Mas até o presente ainda é verdade dizer que nenhum feromônio humano foi robustamente demonstrado, e certamente nunca quimicamente identificado.”
Esse papo todo de química do amor até tem alguma fundamentação científica. Ainda na década de 90, um experimento famoso (e um pouco desagradável) chamado “experimento da camiseta querida” colocou diversos estudantes universitários para usarem a mesma camiseta de algodão por alguns dias seguidos, e depois deu para outros estudantes cheirarem ela e graduar de acordo com a intensidade e prazer que sente.
O resultado mostrou que mulheres que não estavam tomando pílula preferiam as camisetas de homens com a maior diferenciação genética em certa área do cromossomo seis - que codifica o complexo principal de histocompatibilidade (MHC na sigla em inglês). Essas proteínas são responsáveis por ajudar o sistema imunológico a reconhecer invasores.
No entanto, um outro estudo, de 1976, observou que ratos fêmeas escolhem seus parceiros com os genes MHC mais diferentes, que os pesquisadores presumiram serem detectados pelo olfato. Juntando as duas pesquisas, concluíram que humanos funcionavam como os ratos. Pelo cheiro, selecionavam os parceiros com o MHC mas diferente. Vem daí a máxima de que os opostos se atraem.
Segundo Wyatt, da Universidade de Oxford, essa ligação entre a atração entre pessoas com diferentes sistemas imunológicos ainda é teórica. O cheiro de nosso corpo tem mais a ver com as bactérias que convivem com a gente que qualquer outra coisa, e a percepção sobre tem mais a ver com a cultura do indivíduo.
Dois grupos de pesquisa já utilizaram as informações coletadas pelo projeto HapMap, que mapeia as variações genéticas de milhares de pessoas ao redor do globo, incluindo maridos e mulheres, em busca de diferenciações do MHC entre casais diferentes. Enquanto um encontrou a relação, o outro não. “Era de se esperar que as coisas claras se isso realmente fosse o jeito dominante que as pessoas escolhem os parceiros”, disse Wyatt.
É provável que o mecanismo que conecta um casal seja muito mais complexo, envolvendo muito mais que uma simples combinação genética. Nada, porém, garante que ele não tenha papel nenhum. “Eu sou química e eu posso dizer que os feromônios são uma grande caixa preta”, afirmou Asma Mirza, CEO e cofundadora do Pheramor, à Wired. “Nós sabemos que ele existe e que, de alguma forma, esses onze genes são ligados a eles, mas nós não sabemos como. Por isso estamos raspando bochechas e não sovacos.”
Por enquanto o aplicativo está disponível somente em Houston, capital do estado norte-americano do Texas, onde já reúne três mil usuários, que tem que contribuir com mais US$ 10 por ano para continuar em busca do par quimicamente perfeito. Pelo menos teoricamente.
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