Eletropaulo e BRF seguem dividindo as atenções dos investidores nesta sexta-feira, atentos à disputa pela distribuidora paulista e aos desdobramentos da eleição de Pedro Parente, presidente da Petrobras, para a presidência do conselho de administração da BRF. A nova composição do conselho se reúne ainda nesta manhã, na sede da empresa, em São Paulo.
No setor elétrico, a briga entre espanhóis e italianos pela Eletropaulo continua surpreendendo. A ação ON da distribuidora paulista encerrou o pregão de ontem em alta de cerca de 8%, alcançando os R$ 33, acima dos R$ 32,20 da melhor oferta hoje na mesa, da Enel, o que reflete a aposta em uma escalada do preço nos próximos dias.
E a movimentada agenda de balanços encerra a semana com números da Embraer, que anunciou há pouco resultado líquido abaixo do esperado pelos analistas, mas receita em linha com as projeções. A fabricante de aviões brasileira informou que segue analisando possibilidades com a Boeing pra viabilizar a combinação de negócios. A empresa reconheceu ainda que o acordo pode eventualmente deixar de lado defesa e aviação executiva.
Ao longo do dia, o mercado também acompanha teleconferências sobre os resultados do trimestre de Pão de Açúcar, Suzano, Klabin e Hypera (que ontem anunciou o afastamento voluntário de seu diretor-presidente e do presidente do conselho).
Eletropaulo
Na noite de ontem, a Eletropaulo anunciou o quinto aditamento do edital da Enel relativo à oferta pública voluntária para aquisição de ações da distribuidora. Desta vez, o grupo italiano modificou o texto para esclarecer que serão excluídas da operação as ações mantidas em tesouraria pela Eletropaulo. A Enel indica, porém, que caso as ações atualmente mantidas em tesouraria venham a ser vendidas pela companhia, o número de ações objeto da OPA será ajustado para incluir também o número dessas papéis alienados.
Com esse ajuste, os italianos salientam que sua condição de realização da OPA desde que a operação resulte na aquisição de, no mínimo, 50% mais 1 ação do capital social total da Eletropaulo exclui as ações em tesouraria. Portanto, a quantidade mínima de ações corresponde a 82.142.867 ações ordinárias de emissão da companhia.
Com isso, o edital da Enel passa a se assemelhar ao da Neoenergia, que já havia excluído da OPA as ações mantidas em tesouraria.
Analistas consultados pelo Broadcast consideram que o preço ofertado pelas ações já está bastante elevado, tendo em vista as atuais condições da empresa, mas sugerem que a disputa está além da racionalidade econômica e também é influenciada pela competição internacional entre os dois grandes grupos de energia europeus.
BRF
Após mais de nove horas de reunião, Pedro Parente, presidente da Petrobras, foi eleito na noite de ontem presidente do conselho de administração da BRF. O nome havia sido acertado no último dia 19 pelos principais acionistas. Augusto Cruz (ex-Pão de Açúcar) será o vice-presidente. O presidente Petrobras foi eleito pelos acionistas por aclamação, proposta por Luiz Fernando Furlan.
A reunião foi realizada em Itajaí, em Santa Catarina, e contou com a participação presencial de cerca de 40 acionistas e representantes de investidores que passaram o dia na sede da empresa no município catarinense. Nem todos esperaram o desfecho do dia.
Foram eleitos, além de Parente e Cruz, outros oito nomes indicados: Dan Ioschpe, Flávia Buarque de Almeida, Francisco Petros, José Luiz Osório, Luiz Fernando Furlan, Roberto Antonio Mendes, Roberto Rodrigues e Walter Malieni.
Embraer
A Embraer encerrou o primeiro trimestre de 2018 com um prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 40,1 milhões, revertendo o resultado positivo de R$ 168,5 milhões registrado entre janeiro e março de 2017. Já no critério ajustado, excluindo o imposto de renda e a contribuição social diferidos no período, a Embraer contabilizou prejuízo líquido de R$ 77,8 milhões no trimestre, ante o lucro de R$ 126,2 milhões reportado um ano antes.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da fabricante totalizou R$ 292,9 milhões nos primeiros três meses de 2018, 17,3% menor que os R$ 354,0 milhões observados há um ano. A margem Ebitda, por sua vez, ficou em 9,1%, um recuo de 1,7 ponto porcentual (p.p.) frente ao primeiro trimestre de 2017.
Hypera
A Hypera informou lucro líquido de R$ 299,8 milhões no primeiro trimestre de 2018, indicando acréscimo de 76,9% em relação a um ano antes. A empresa também divulgou um lucro líquido das operações continuadas de R$ 302,2 milhões entre janeiro e março, o que representa um crescimento de 41,6% ante o mesmo período do ano anterior.
Na mesma base de comparação, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das operações continuadas totalizou R$ 362,7 milhões, uma alta de 24,8% ante um ano.
Ontem, o diretor presidente Cláudio Bergamo dos Santos o e presidente do Conselho de Administração da companhia, João Alves de Queiroz Filho, apresentaram pedido de afastamento voluntário do cargo, pelo período necessário à conclusão da apuração interna e das investigações, pelo Ministério Publico Federal.
Light
O colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) negou o pedido apresentado pela BNDESPar para adiar por 15 dias a Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Light, marcada para esta sexta-feira. Além disso, concluiu pela legalidade das indicações apresentadas pela companhia para composição do seu Conselho de Administração. O colegiado determinou, porém, que companhia observe as restrições previstas na Lei das Estatais, aplicáveis à administração de sua acionista Cemig, e considerou ilegais as indicações para o novo conselho fiscal.
Em seu pedido, a BNDESPar alegou que as indicações para os conselhos de administração e fiscal da Light estariam em desacordo com as vedações impostas pelo art. 17 da Lei das Estatais e questionou as seguintes candidaturas: Sergio Gomes Malta, Carlos Alberto da Cruz, Magno dos Santos Filho e Marcelo Rocha, para o conselho de administração; e Marco Antônio de Rezende Teixeira, Paulo de Souza Duarte, Germano Luiz Gomes Vieira, Moacir Dias Bicalho Júnior, Izauro Santos Callais e Eduardo Martins de Lima, para o conselho fiscal.
Eletrobras
E a mobilização no cenário político contra a privatização da Eletrobras prossegue. Ontem, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto que inclui a Eletrobras no Plano Nacional de Desestatização (PND), assinado no dia 19 de abril pelo presidente Michel Temer. O partido alega que a inclusão da estatal no PND através de decreto tem por objetivo "explícito" retirar do Congresso Nacional a decisão sobre a situação da Eletrobras. A ação está sob a relatoria do ministro Luiz Fux.
Em pedido liminar, o PSB requer que a Corte suspenda a eficácia do decreto assinado por Temer e os "procedimentos, contratos e pagamentos, levados a termo no âmbito do Ministério das Minas e Energia, da Eletrobras e do BNDES, relacionados à privatização da Eletrobras", até que se julgue definitivamente a ação ajuizada no STF. No mérito, o partido quer que seja declarada a inconstitucionalidade do decreto.
IPO do Banco Inter
A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do Banco Inter, da família Menin, dona da MRV, movimentou R$ 721,951 milhões. A ação foi precificada em R$ 18,50, um pouco acima do piso do intervalo previsto. A demanda pelas ações ofertadas chegou em 1,5 vez. Da oferta primária, que somou R$ 541,463 milhões, os recursos serão utilizados para investimentos para "incrementar operações de crédito", investimentos em tecnologia, em marketing e expansão dos negócios por meio de aquisições estratégicas. Outros R$ 180,487 milhões referem-se à oferta secundária.
O banco Inter estreará na bolsa no dia 30, próxima segunda-feira, sob o código BIDI4. A instituição listará suas ações no Nível 1 da B3, visto que terá ações preferenciais, mas seu prospecto afirma que há "intenção de no futuro converter a totalidade de suas ações em ordinárias, celebrar o Contrato de Participação no Novo Mercado".
Suzano
A Suzano Papel e Celulose registrou lucro líquido de R$ 813 milhões no primeiro trimestre de 2018, alta de 80,6% ante lucro de R$ 450 milhões apontado um ano antes, impulsionada pelo ambiente de preços ainda bastante favorável. A performance também é 127,2% superior ao ganho de R$ 358 milhões informado no quarto trimestre de 2017.
O Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) consolidado, principal métrica de desempenho da empresa, passou de 14,5% em dezembro para 17,4% em março. Em março de 2017, o ROIC estava em 10,6%. A geração de caixa operacional, por sua vez, cresceu 103,4% no comparativo anual, para R$ 1,265 bilhão. O resultado também é 17,4% superior à geração de R$ 1,077 bilhão informada no quarto trimestre.
Pão de Açúcar
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) reportou lucro líquido de R$ 153 milhões das operações continuadas da divisão alimentar Grupo Pão de Açúcar (GPA), resultado que ficou acima das estimativas do mercado. O resultado foi 15% superior aos R$ 132 milhões esperados segundo a média de estimativas de seis instituições financeiras consultadas pelo Prévias Broadcast (BB Investimentos, BTG Pactual, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Safra e Santander).
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 591 milhões da companhia varejista no negócio alimentar ficou em linha com o esperado pelos analistas. A média das projeções do mercado apontava para Ebitda de R$ 580 milhões.