terça-feira, 6 de março de 2018

Ex-funcionário da Assembleia diz ter sido ‘coagido’ a fazer empréstimo a empresa fantasma

Ex-servidor da deputada Clelia Gomes afirmou que foi obrigado pela parlamentar a fazer repasse de R$ 20 mil; Na sede, o Estado encontrou uma casa e foi informada que não 'há empresa nenhuma' no local
Um ex-servidor da Assembleia Legislativa de São Paulo diz ter sido ‘coagido’ a fazer empréstimos a uma ’empresa fantasma’, em benefício de um ex-vereador. O comissionado era lotado no gabinete da deputada estadual Clélia Gomes (PHS). Além dos empréstimos, ele também afirma que devolvia e controlava a contabilidade de um suposto esquema de desvio de salários dos ex-funcionários da parlamentar.
O ex-funcionário, que não quis se identificar, entregou ao Estado documento de um empréstimo consignado de R$ 20 mil à D&J Participações. A sede da empresa é uma residência na zona norte de São Paulo. O contato registrado na Receita Federal é o escritório de contabilidade do ex-vereador Laércio Benko, presidente do partido de Clélia em São Paulo.
Em visita à sede da empresa, a reportagem encontrou uma casa e tocou a campainha. Da sacada do segundo andar da residência, uma mulher que se diz ‘Vera Lúcia’ alega que ‘não tem empresa nenhuma’.
Ela não recebeu a reportagem alegando que precisava ‘cuidar do neto’ e negou conhecer Benko e a deputada. A empresa está em nome de Dulce Helena de Souza e Judy Kelly Rufino. A reportagem não conseguiu contato com elas.
Depoimentos no Ministério Público citam também que funcionários ‘fantasmas’ do gabinete de Clélia trabalham no escritório do ex-vereador.
O Estado ligou – gravando – para o telefone da D&J e quem atende confirma que se trata do escritório de contabilidade de Laércio Benko no Morumbi.
“Nós somos divididos, aqui é a contabilidade. Tem o financeiro, onde ele [Benko] vai sempre. Questionado sobre nomes dos funcionários de Clélia, como Christopher Ranieri. “O Cristopher, ele fica nos três escritórios, ele fica cada dia rodando em um”. Ele também confirma que Rosângela Cardoso da Silva fica em escritórios de Laércio.
Em seguida, a reportagem ligou para outro escritório de Benko e pediu para que a chamada fosse transferida para Rosângela. “É Rosângela Cardoso, né?”, questionou o Estado. “Isso”. Quando questionada se seria uma funcionária fantasma, desligou.
A reportagem retornou o contato e, atendida por outra funcionária, recebeu a resposta de que ‘a Rosângela está na Assembleia’. “Acho que quem falou com você foi a Gabriela”. Por meio de sua própria assessoria, Benko confirmou que Rosângela estava no endereço, no bairro do Morumbi, e foi ela que atendeu o telefonema. No entanto, justifica que o local é um escritório do PHS custeado pelo próprio ex-vereador.

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